CURSO DE
PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO INFANTIL E SUAS LINGUAGENS
RESENHADO
POR: CLÁUDIA ELIZA DA SILVA
TURMA: A
Educação
infantil e registro de práticas/Amanda Cristina Teagno Lopes _São
Paulo:Cortez,2009._(Coleção docência em formação.Série educação infantil)
A autora Amanda Lopes, apresenta em seu livro uma reflexão sobre
educadores e os registros de práticas na Educação Infantil, com o intuito de
demonstrar o seu valor à sociedade e as políticas públicas. Trazendo para a
discussão a educação como espaço de mudança, a valorização das crianças como produtoras
de marcas, e de professores como observadores dessas marcas.
Assim, com o
desejo de contribuir para uma educação de boa qualidade, essas discussões são
realizadas em quatro capítulos intitulados: Sobre o registro; Registro e
memória e a memória do Registro; O Registro de práticas pedagógicas produzido
por professores, e as considerações finais.
No primeiro
capitulo, busca-se a construção da concepção de registro através do diálogo com
autores que tratam da temática. Autores como Zabalza(1984) que analisou a
contribuição dos diários como pensamentos do professor, uma relação pessoal e
profissional interlaçadas, entendendo
como “diálogo que o professor, através da leitura e da reflexão, trava consigo
mesmo acerca da sua atuação na aula”(LOPES, p.95). E a contribuição de Cecilia
Warschauer(1993,2001) com seus próprios registros, valorizando o papel do
diálogo e da experiência em grupo para a construção da identidade.
A autora também conta com a colaboração de autoras como as pesquisadoras
Júlia Oliveira-Formosinho e Ana Azevedo(2002), com suas experiências com
registros, especialmente com os portifólios, ressaltando a falta de
neutralidade no ato de registrar, o quanto essas práticas carregam a
interpretação, as concepções e crenças de seu autor. Já Madalena Freire(1996), ampliar
o diálogo com professores tornando público seus próprios registros, e colocando
que registrar significa “inquietar-se
perante o observado”(LOPES, 2009, p.33). E o educador Paulo Freire(1993) que
fala sobre o ato de escrever, considerando que a escrita começa com nossas
experiências, nossas reflexões antes do acontecimento para só depois chegar ao
papel. Registrar então seria a observação e leitura da realidade, mas uma
leitura crítica do que nos é apresentado.
Nos seus escritos Lopes recupera a história da Educação Infantil
em São Paulo e os registros de práticas dos professores. Registros
que deixam transparecer a especificidade dessa criança, e o olhar direcionado
do professor que servirão de elementos para a reflexão sobre a prática. Alguns desses registros foram publicados na Revista do Jardim de Infância (1896), que
relatavam o trabalho do professor daquela época. Além disso, foram feitas
analises nos boletins internos da Divisão de Educação, e também sobre os relatórios
anuais dos parques infantis. A busca por esses documentos antigos resgatou as
memórias que construíram a história da Educação Infantil e do Professor, muitas
vezes marcada pela submissão dos que são encarregados a “pensar” a educação,
desvalorizando os saberes docentes.
E também são apresentadas as formas de registro Vivenciadas pela
própria autora em seu tempo de professora. Através de cadernos de registros
diários, portifólios, exposições com fotos, possibilitando uma autoformação e a
socialização com troca de experiência entre professores. Uma prática pedagógica
influenciada pelas produções teóricas, documentos legais e políticas públicas
da época.
E traz considerações sobre a escrita que vem sendo construída pelo
professor, nessa relação de teoria e prática. E ressalta a importância de ser
incorporado ao projeto político pedagógico, à cultura escolar, e de ter uma
reflexão baseada nos saberes do professor, para que o mesmo possa atuar de
forma critica. E ressalta: “[...] cuidemos para que o registro de práticas,
aqui defendido como instrumento essencial ao oficio docente, não seja
transformado em mais um discurso vazio[...]”(LOPES, 2009,p.170).
Considero que a autora traz contribuições com a sua pesquisa, valorizando
os escritos dos professores, as memórias de sua prática e a reflexão sobre elas,
despertando nos professores o quanto a sua vivência contribui para a melhoria
do ensino.